Cuide bem dos seus Intangíveis

22/10/2012 08:00

Empresas com ou sem sistemas formais de gerenciamento da estratégia via de regra se deparam com um paradoxo quando se trata da gestão dos intangíveis: Investir ou não investir?

Difícil de tocar, medir ou enxergar esse combustível que movimenta os principais processos críticos, muitas vezes não recebe a atenção necessária dos gestores. Mesmo as empresas que formalizaram a gestão por meio de um mapa estratégico não estão livres de relegar seus intangíveis a um plano inferior. Ruim para a gestão, péssimo para os negócios.

Kaplan e Norton, em seus estudos nos ensinaram que organizações que optaram por dispensar especial atenção aos ativos intangíveis, tem maior facilidade em criar o tão desejado valor sustentável. Então, o que seria isso?

A classificação em três temas: Capital Humano, Capital da Informação e Capital Organizacional dentro da perspectiva de “Aprendizado e Crescimento” do Mapa Estratégico segmenta e facilita o entendimento preliminar, mas só com uma reflexão mais aprofundada das suas relações é que se confere a importância do seu desenvolvimento conjunto.

As palavras mágicas são: “Integração” e “Alinhamento”.

  • Integração entre si, pois de nada valerá uma organização direcionar recursos, por exemplo, para que a área de RH desenvolva determinadas competências e atinja um estado de excelência, sem que isso não esteja “integrado” aos demais temas da perspectiva de aprendizado e crescimento. Teremos, nesse caso, uma ilha de excelência funcional restrita a determinado departamento, que desconectada, pouco contribuirá para o sucesso.
  • Alinhamento dos temas da base com os objetivos da Perspectiva de Processos Internos, a fim de maximizar o seu desempenho. Nesse caso deve haver perfeita sintonia entre aquilo que se desenvolve em termos de Capital Humano, Capital da Informação e Capital Organizacional e os processos internos que serão beneficiados. A inobservância desse detalhe cria um monstro ainda maior, pois serão ilhas integradas de excelência com pouca ou nenhuma influência no desempenho dos processos críticos da Organização.

Longe de ser um problema de fácil entendimento a necessidade de cuidar bem dos intangíveis é quase uma obrigação, principalmente pela concorrência desenfreada que o mercado nos impõe, onde o diferencial e os bons resultados, muitas vezes, são sinônimos de sobrevivência.

Paradoxalmente, a busca incessante por metas inatingíveis pode fazer do gestor o anti-herói de plantão, ou seja, aquele que até acredita nos princípios da gestão, mas que corta caminho quando se vê pressionado a mostrar resultados imediatos, muitas vezes, até de consistência duvidosa. Aí as coisas se complicam, pois como diria minha avó: “quando a fome entra pela porta, o amor sai pela janela”.

É o começo de uma dolorosa separação litigiosa entre “gestor e gestão”, que na maioria das vezes deixa danos irreversíveis.

Portanto cuide com carinho dos seus intangíveis, eles podem salvar tanto sua organização quanto o seu emprego.

 

Por: Abilio de Moraes Paiva