O Mapa Estratégico e o seu Coração!!

13/12/2012 20:25

 

Não se trata de lamuria por um grande amor perdido e nem tampouco do título de um folhetim. Estamos falando do mundo corporativo.

Muito além de uma falha técnica imperdoável a constatação de que poucos executivos se sentem incomodados diante de Mapas Estratégicos, sem uma proposta “explícita” de valor é um sinal amarelo para a Gestão. Mas qual é o seu significado e a sua importância?

Tomemos apenas por base a hipótese de que todo mundo a todo tempo tem uma intensão, por menor e insignificante que seja aos olhos dos outros. A procura de uma nova especialização, a mudança de cidade, o início de um regime associado a exercícios físicos, são invariavelmente ocasionados por intenções explícitas ou mesmo íntimas.

As empresas não fogem a essa regra, e é isso que as tornam únicas mesmo diante de um mundo onde quase tudo se transformou em comodities da noite para o dia. É esse o DNA das organizações quando as observamos sob o ponto de vista de um dos fundamentos da estratégia: o chamado “diferencial competitivo”. Deve, portanto ser explicitado de maneira muito clara, e para as corporações não há como cultuá-las intimamente.

Agora, dê uma olhada no Mapa Estratégico da sua Empresa e veja onde é que ela deixa claro o compromisso de entrega aos seus clientes! Observe a singularidade de cada um dos objetivos estratégicos e se o produto de sua realização está previsto como promessa de vantagem para alguém que não esteja dentro da organização!

Esse link ou compromisso formal é o que chamamos de “Proposta de Valor para o Cliente” que deve sim ser estampada dentro do mapa estratégico, se possível até em letras garrafais. Ela representa aquilo que pretendemos oferecer de diferencial para aqueles que verdadeiramente impulsionam os resultados da Empresa. Em última análise, é por meio dela que os clientes enxergarão o sentido desse mapa, entenderão os seus propósitos e justificarão para eles mesmos o porquê da opção pelos nossos serviços ou produtos.

Portanto, enganam-se aqueles que veem na “Proposta de Valor” a explicitação de uma promessa causada apenas por aspectos de plasticidade ou conveniência, sem que se pense realmente que algo deva ser produzido e entregue. Enganam-se ainda mais aqueles que não percebem que as empresas precisam produzir e renovar sua credibilidade a cada minuto. Para isso nada melhor do que uma promessa no meio do mapa estratégico. É o “fio de bigode” que nos tempos atuais anda meio fora de moda, mas que nesse sentido, ainda representa muito para o mercado.

Se não encontrar algo parecido no seu mapa estratégico, comece a pensar seriamente na possibilidade de colocar em cheque a necessidade de utilizar a metodologia do Balanced Scorecard. Ou seja, se o seu mapa estratégico possui processos que considerou parâmetros externos e internos de uma forma estática e burocrática, sem que na sua construção tenha se estabelecido um link, um comprometimento formal e verdadeiro da Empresa para com as expectativas dos clientes, o exercício de se ter uma gestão estratégica pode estar apontado apenas para o próprio “umbigo” e terá como produto o desperdício de tempo e dinheiro.

Pode parecer simples, mas esses são questionamentos que sinalizam as diferenças entre os bons processos de gestão e os modismos convenientes. Mapas estratégicos devem contar a história sobre como as organizações se estruturam em termos de informações, aprendizado, e da base cultural para que elas se transportem a sua visão de futuro sempre agregando valor aos processos de seus clientes.

A Proposta de Valor, portanto é tão fundamental para o cliente quanto o lucro é para o acionista, contudo é ainda pouco valorizada quando da formalização dos Mapas Estratégicos. A diferença básica talvez resida no fato de que a pressão dos acionistas por melhores resultados é manifestada de forma contundente e constante, mantendo sempre firme a necessidade de ir alem ao passo que, no caso dos clientes as cobranças são às vezes um pouco veladas comportando-se como uma daquelas doenças silenciosas e invisíveis. Mas certamente vão matando as organizações um pouco a cada dia sem que elas se deem conta.

Como dizia o mestre: “A Proposta de Valor é o coração do Mapa Estratégico”. Quem já viu por ai alguém sobreviver (por muito tempo) sem um coração?

Por:

Abílio de Morais Paiva